Texto base: João 15.5
Os capítulos 15, 16 e 17 de João foram as últimas palavras de Jesus com seus discípulos antes do Getsêmani e da crucificação. Os discípulos entendiam bem as metáforas com elementos agrícolas, pois isso o uso dessa linguagem era comum em Israel, como está registrado nos Salmos (Sl 80.1-10 e 128.3) e nos profetas (Is 5.1-7, Joel 2.18-26, Zc 8.9-17).
Israel era chamada de “A vinha do Senhor”, que devia produzir uvas boas, mas infelizmente produziu uvas bravas. O Salmo 128 compara uma mulher com seus filhos à videira frutífera, e os filhos, a rebentos da oliveira. Jesus usou bastante essas alegorias para ensinar verdades do reino de Deus.
Em João 15, Jesus se apresenta como “A videira verdadeira”; o Pai como o agricultor e nós como seus ramos. Videira verdadeira, porque Israel, que foi chamado para ser a videira de Deus e produzir os melhores frutos, falhou (Is 5.1-7).
O propósito do ramo é produzir frutos. Se não produzir, não serve para nada (v.2).
O trabalho do Pai é cuidar da videira e limpar os seus ramos para produzir mais frutos. O viticultor poda os ramos de duas maneiras: corta a madeira morta, que pode servir para a proliferação de doenças e insetos, ou remove partes ainda vivas, para que a vitalidade da planta não se dissipe, comprometendo a qualidade dos frutos. O processo da poda é a parte mais importante do cultivo. Corta (grego: airei = “tira”, “separa”) e limpa (grego: Kathairei = “podar”, “limpar”). O Pai disciplina, removendo os indivíduos e congregações inúteis (Lc 13.6-9).
Muitos cristãos pedem a Deus para darem mais frutos, mas não gostam do processo necessário de poda pelo qual devem passar em reposta a essa oração. O maior julgamento que Deus pode trazer sobre um cristão é deixá-lo por conta própria, deixando-o fazer as coisas do seu jeito.
Os frutos são primeiro justiça e santidade (Gl 5.22-23), mas também incluem a evangelização (Jo 15.16). Os frutos são resultado do tempo e do cultivo. Uma boa colheita não aparece do dia para a noite.
Há vários tipos de frutos:
1) O fruto do Espírito (Gl 5.22-25) – é o caráter cristão, que glorifica a Deus e mostra a realidade de Cristo aos outros; 2) Damos frutos quando levamos pessoas a Cristo (Rm 1.13); 3) Quando somos parte da colheita (Jo 4.35-38); 4) Ao crescer em santidade e em obediência (Rm 6.22); 5) As ofertas são frutos das vidas consagradas (Rm 15.28).
Os frutos são dados pela videira em nós e através de nós. Se o ramo não tem fruto torna-se imprestável, portanto, é lançado fora e queimado. Nesta passagem Jesus não está ensinando que um cristão verdadeiro pode perder a salvação, pois isso contraria seu ensino em João 6.37 e 10.27-30. Não se faz doutrina teológica com base numa parábola ou alegoria. Jesus está ensinando uma verdade central.
A vida produtiva do cristão
Para produzir frutos, o ramo precisa de poda e limpeza. Jesus ensinou que somos limpos pela palavra (Jo 15.3). As árvores frutíferas são atacadas por fungos e insetos, por mato que não para de crescer em redor, por ervas daninhas, que são parasitas e sugam a energia da planta. Essas ervas daninhas podem ser o ressentimento, os vícios e as compulsões, a ganância, a ilusão das riquezas, a busca pelo prazer, que sufocam o ramo e o tornam infrutífero.
A saúde espiritual determina a qualidade da colheita
Alguns frutos são bonitos por fora, mas por dentro estão doentes. O segredo da frutificação é permanecer em Jesus. Permanência é a palavra chave de João 15 (v. 4-5). A semeadura desencadeia todo o processo que gera a colheita. Vamos semear na esperança de uma grande colheita. Vamos dar frutos até em tempos difíceis (Gn 26.1-4, 12-16, 24-25).
O que vai acontecer nos próximos três anos? Se nos unirmos na Semeadura e na Condução, a Colheita vai ser grande e vamos ficar alegres. Mãos à obra.
Pr. José João Mesquita